A depressão poderá ser definida como ausência de felicidade e é uma das situações mais frequentes no Mundo, lembrou esta quinta-feira um psicoterapeuta falando para os seus pares europeus, reunidos para discutir o que é a felicidade.
A felicidade também pode ser isto: ter a hipótese, num lar de idosos, de escolher entre dois pratos. Psicólogos monitorizaram uma situação desse tipo e chegaram à conclusão de que tal bastava para melhorar o estado de espírito dos utentes. O exemplo foi ontem referido pelo conferencista que abriu ontem, em Lisboa, o 16.º Congresso da Associação Europeia de Psicoterapia.
Segundo Alfred Spitz, "a felicidade é algo que todos querem e é muito rara", não podendo também ser reduzida a tabelas que entram sobretudo em linha de conta com o rendimento e a estabilidade. "A vida é um acto heróico", disse. O mesmo especialista avalizou a sabedoria popular, segundo a qual o dinheiro não traz felicidade e lembrou também que não há pílula para obter tal efeito, ainda que há uns anos se pensasse que a indústria farmacêutica tivesse aberto o caminho. A chamada hormona da felicidade, a oxitocina, também não resulta para além da libertação natural que pode ocorrer no organismo, alertou Alfred Pritz. O mesmo orador forneceu algumas pistas para "uma vida boa": um bom ambiente durante a infância, o interesse por variadas questões, a liberdade de escolher (sem a qual se abre o caminho para a depressão) e a fixação de objectivos a atingir (sem o que se fica com a sensação de estar só a perder tempo). O psicoterapeuta indicou ainda como aspectos essenciais as ligações familiares e o interesse pelos outros.
"Depressão é a ausência de felicidade", definiu Pritz, indicando alguns ingredientes: desvalorização do próprio e dos outros e incapacidade de imaginar o futuro.
Este congresso reúne 300 psicoterapeutas e é, segundo o seu presidente, "uma provocação" a estes profissionais no que toca à escolha do tema. Telmo Baptista considera que "há na vida os estados de contraste e só se soubermos a diferença entre felicidade e infelicidade poderemos apreciar a primeira". Ainda segundo o mesmo professor universitário, o papel do psicoterapeuta permite, até pela sua formação pós-graduada, "trabalhar com questões complexas em termos de procura e transformação, de acordo com o que as pessoas (clientes) definem para si". Porque, de resto, "a procura da felicidade é sempre uma questão individual".
in Notícia JN por EDUARDA FERREIRA
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